Simone Santos é mestre em Educação no Campo da Linguagem (UFF), empreendedora, palestrante e escritoraDivulgação

Nas últimas décadas, testemunhamos avanços significativos nos direitos das mulheres. Desde a conquista do voto feminino até a presença crescente da mulher no mercado de trabalho e em cargos de liderança, neste mês de março temos muito o que celebrar.
De acordo com a Forbes, a liderança feminina no Brasil vem crescendo, com mulheres ocupando 17% das presidências de empresas. Esse dado é um indicativo de progresso, mostrando um aumento na representatividade feminina em posições de poder e decisão.
Entretanto, a despeito desses avanços, a jornada rumo à igualdade de gênero ainda se depara com inúmeros desafios. A luta contra a desigualdade salarial, a violência de gênero e a sub-representação em diversos setores da sociedade permanecem como pautas urgentes, que demandam atenção e ação contínua.
Na educação, setor em que atuo há mais de 30 anos, a disparidade de gênero se faz presente especialmente à medida que avançamos nos níveis de ensino. Apesar de as mulheres serem maioria na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, sua presença diminui significativamente em programas de graduação e pós-graduação, especialmente em áreas dominadas tradicionalmente por homens, como as ciências exatas e engenharias. Esse fenômeno reflete não apenas as barreiras culturais e sociais que desencorajam as mulheres a seguir carreiras em determinados campos, assim como o desafio de conciliar a vida acadêmica com outras demandas, como a maternidade e os cuidados domésticos.
No mercado de trabalho, a desigualdade salarial entre homens e mulheres persiste como um dos maiores desafios. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a diferença salarial chegou a 22% no último ano, revelando que, em média, as mulheres recebem apenas 78% do salário dos homens para realizar o mesmo trabalho. Essa disparidade salarial desvaloriza o trabalho feminino e perpetua a desigualdade econômica entre os gêneros.
A violência contra a mulher é outra face sombria da desigualdade de gênero. Em 2022, mais de 18 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência no Brasil, segundo dados da Agência Brasil. Essa realidade devastadora sublinha a importância de políticas públicas eficazes para proteger as mulheres e promover uma cultura de respeito e igualdade.
A pesquisa nacional realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, mostra que 74% das brasileiras perceberam um aumento da violência doméstica e familiar. Esse dado alarmante exige uma resposta à altura, com medidas que vão desde a educação para a igualdade de gênero até a implementação de leis mais rigorosas contra os agressores.
Os desafios que as mulheres enfrentam hoje exigem ação coletiva e determinação. Embora tenhamos avançado em muitas frentes, a estrada rumo à igualdade de gênero ainda é longa e sinuosa. A educação desempenha um papel crucial nesse processo, não apenas formalmente, nas escolas e universidades, mas também na educação informal, dentro de casa e na sociedade.

Simone Santos
Mestre em Educação no Campo da Linguagem (UFF), empreendedora, palestrante e escritora