Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública divulgação

Há quase 24 anos, o Rio de Janeiro viveu um de seus piores episódios, o sequestro do ônibus 174. Por quase cinco horas, 10 passageiros ficaram na mira de Sandro Nascimento, que acabou morto, após uma ação sem êxito, na qual uma refém também foi morta ao descer do coletivo com ele diante da imprensa. Mais de duas décadas depois, a cidade foi palco de um sequestro semelhante, porém com desfecho bem diferente, demonstrando a excelência da tropa de elite da Polícia Militar. O Bope deu aula de negociação, protegendo as pessoas do entorno, poupando a vida dos reféns e até do sequestrador. Uma performance que merece o reconhecimento e o parabéns de toda a sociedade.
Em plena Rodoviária do Rio, um único sequestrador manteve 16 reféns no ônibus. Infelizmente, duas pessoas foram vitimizadas pelo criminoso, mas o lado positivo ficou por conta da condução da polícia, que isolou a área, afastou a imprensa e seguiu os protocolos de segurança. Após três horas, Paulo Sérgio de Lima foi preso, sem que mais tiros fossem disparados. Desde o fato do 174, nenhuma ocorrência terminou com a morte de reféns. Um legado que esse episódio deixou para a polícia, que, em 2019, na Ponte Rio-Niterói, abateu outro sequestrador com um tiro certeiro de um sniper.
O Rio está sob uma onda de violência, com guerras entre facções criminosas e milícias. Roubos e latrocínios têm crescido. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, Copacabana, cartão-postal da cidade, teve alta de 25% de roubos e 23% de furtos na comparação entre 2022 e 2023. Precisamos retomar a ordem, com medidas mais enérgicas e estratégicas. No caso desta semana, o cumprimento da lei que obriga a instalação de equipamento detector de metais em todos os terminais e veículos destinados ao transporte coletivo rodoviário interestadual de passageiros poderia ter evitado isso.
A evolução da polícia é notória, mesmo com investimentos, equipamentos e treinamentos aquém do ideal para o exercício da função. Muitas vezes criticados, esses profissionais trabalham arduamente. Para se ter ideia, somente em 2023, foram mais de 6.280 apreensões, com mais de 5.800 armas retiradas de circulação. Foram quase 37 mil prisões e 700 toneladas de drogas apreendidas, o que demonstra um honroso trabalho prestado para a sociedade, numa missão de servir e proteger.
Vale ressaltar que segurança pública não se faz só com polícia, pois é um conjunto de ações que devem ser promovidas pelo Estado, como educação, saúde, geração de emprego e renda. É importante também para uma sociedade saber que pode contar com a sua polícia e nossa tropa mostrou ser de excelência.
Marcos Espínola
Advogado criminalista e especialista em segurança pública