O mundo é som. Nada Brahma. Este também é o título de um interessantíssimo livro de Joachim-Ernst Berendt, com prefácio de Fritjof Capra, autor de Ponto de Mutação e O Tao da Física. Editora Cultrix.
O livro analisa a antiga proposição hindu de que 'o mundo é som' – Nada Brahma, em sânscrito clássico – oferecendo numerosos exemplos extraídos da ciência moderna, da arte, da filosofia e de várias tradições espirituais.
Berendt é, indubitavelmente, qualificado para conduzir essa análise, considerando-se que dedicou toda a sua vida profissional à música, com uma longa e destacada carreira como crítico de jazz e produtor de discos, concertos e programas de rádio. Para o autor, a compreensão de que o mundo é som tem implicações profundas, não só para a ciência e a filosofia, mas também para a nossa vida cotidiana e para a
sociedade.
Ele argumenta que, há alguns séculos, nossa cultura ocidental vem dando ênfase exagerada à visão em detrimento da audição. Hoje mais do que nunca, esse predomínio da visão acarreta consequências consideráveis para o equilbrio do ser humano. São dados inúmeros exemplos. Como dimensionar esse resultado hoje? Basta olhar em volta; basta olhar dentro de nós. O que vemos? O que ouvimos? Parece um
beco sem saída, pois além da tônica visual, o som massificado é mais distorção do que harmonia.
Na abertura do livro O Poder Oculto da Música, David Tame escreve que, na China antiga, o imperador costumava enviar maestros para suas províncias a fim de avaliar as condições do reino. Sim, o maestro reunia a orquestra do lugar e pelo som produzido ele detectava as condições daquela região.
Se fosse hoje, no Ocidente, qual seria o resultado? De modo geral, há uma massificação dos sons distorcidos. A propósito, o que você costuma ouvir? E ver?