Casal conseguiu ajuda para voltar a Nataldivulgaçãoi

“Isabele, tem uma história muito triste lá na recepção, e a gente precisa ajudar de alguma maneira, dar voz ao casal”.
A chuva que caiu ontem durante todo o dia até me fez achar que a rotina seria mais tranquila… Eu só esqueci que isso daqui se chama Rio de Janeiro. E notícia aqui não tem hora, momento, ou clima para chegar!
A fala aí de cima é do meu produtor Igor Peres. Enquanto eu estava no início do meu programa na Tupi, ele me vem com essa aspa. E a história por trás dessa declaração é de tirar o fôlego, cortar o coração mesmo, e começa lá em Natal, no Rio Grande do Norte. É do Diego Henrique da Silva, que recebeu uma proposta de trabalho aqui no Rio, e não pensou duas vezes: pegou a esposa, Suely Mara, e veio tentar a vida aqui.
Pais de 2 filhos, preferiram deixá-los lá, em segurança com os avós, já que não sabiam se o tal trabalho daria certo. E de fato, não deu.
Não tinha trabalho algum. Era pura cilada, de gente maldosa e criminosa, que usa pessoas mais humildes para trabalhos em condição análoga à escravidão!
“A gente chegou aqui e nos levaram para um lugar que eu nem sei o nome direito, só disseram que era Abacatão, em São Gonçalo. Lá, a gente era obrigado a capinar o dia inteiro, e não recebia nada. Até que reclamamos, e eles queimaram algumas roupas nossas e tentaram queimar nossos documentos, mas nós salvamos. Aí conseguimos fugir e estamos há quase 2 meses pela rua”, contou Diego.
Diego e Suely chegaram na recepção da rádio tão exaustos que, depois de falarem com a produção, cheios de malas, pegaram no sono. Se sentiram seguros.
Daí, começamos nossa saga. Colocamos o apelo do casal no ar, que fazia questão de o tempo inteiro dizer que não queriam dinheiro, somente as passagens de ônibus. E a nossa Família Tupi ajudou!
Igor, que tinha seus compromissos pós trabalho, cancelou todos. Foi até à rodoviária, comprou as passagens, o almoço, e ficou com eles lá. Ele nem queria que eu relatasse essa parte aqui, mas ele merece. Disse que apenas fez aquilo que gostaria que fizessem com ele, se estivesse numa situação parecida.
Ontem, uma e meia da tarde, com sorriso no rosto e muito aliviados, o Diego e a Suely embarcaram no ônibus de volta pra casa. Estão na estrada, já que a viagem é longa!
Esse é o papel do jornalismo. Aliás, o nosso papel como jornalista vai muito além! A gente deu voz ao casal, fez a ponte para que a corrente do bem agisse, deu acolhimento, atenção, e principalmente respeito e dignidade.
Quanto à situação do falso trabalho, isso cabe à polícia investigar. O nosso foco foi o bem-estar dos dois!
De dentro do ônibus, eles fizeram vídeo, com uma frase que nenhum de nós jamais vamos esquecer…
“Vocês salvaram as nossas vidas. Obrigado! ‘Tamo’ voltando pra casa!”
E é esse o nosso sentimento… Pertencimento. Que todo mundo tenha na vida um lugar para onde voltar. Mais uma missão cumprida. Obrigada, jornalismo!