Procissão do Senhor Morto tem presença do cardeal-arcebispo Orani João TempestaMaria Eduarda Volta / Agência O Dia

Rio - As celebrações da Sexta-Feira Santa (29) no Rio foram marcadas pela procissão do Senhor Morto, no Centro, e pelo espetáculo Auto da Paixão de Cristo, realizado nos Arcos da Lapa, que reuniram centenas de fiéis. A programação começou com um ato litúrgico presidido pelo cardeal-arcebispo Dom Orani João Tempesta na Catedral Metropolitana de São Sebastião.
A Sexta-Feira Santa ou da Paixão, como também é conhecida, é para os católicos uma data que representa o dia em que Jesus Cristo foi crucificado e morto. Como homenagem, fiéis celebraram de diversas maneiras.
Aldemira Silva, de 76 anos, se emocionou durante a procissão. Em entrevista ao DIA, a idosa disse que estava de jejum (ato realizado na data por muitos cristãos) e que para ela, esta época do ano significa paz. “A Páscoa me faz muito bem. É o momento mais importante para mim”, contou.

Após a leitura da Bíblia, Dom Orani passou uma mensagem aos fiéis. "Esse é um tempo dado para a escuta da palavra de Deus. A morte de Cristo na cruz e sua entrega é por todos nós. Hoje não tem missa, mas nos reunimos para escuta e oração a Cristo”, afirmou. "Que na contemplação do silêncio desta Sexta-Feira Santa possamos refletir e pedir ao Senhor que abra os ouvidos e olhos para que acolhermos aqueles que precisam de nós”, complementou.

Dom Orani ainda afirmou que renovar a fé não impede que a gente passe por injustiças e relacionou a crucificação de Cristo com os dias atuais. "Passamos por situações difíceis. Hoje, temos pessoas condenadas de diversas formas, de formas injustas, temos difamações pelas mídias digitais, mas é um processo do mundo novo. Somos convidados a olhar Jesus na cruz para que não desanimemos. As cruzes que nós passamos, acontecem, mas sabemos que a cruz vai iluminar a vida de cada um. Precisamos aceitar a nossa cruz a caminho da ressurreição”, disse.

Entre os presentes na celebração, estava um grupo de amigas, que são parte da Comunidade Católica Shalom Rio. Para as meninas, a Páscoa representa a crença na ressurreição. Larissa Oliveira, de 22 anos, falou sobre a importância de viver o feriado na Catedral. "Estamos com Dom Orani e reviver o beijo da cruz foi muito importante pra mim aqui hoje”, contou a professora de história.

Para a advogada Maria Clara Castro, de 23 anos, a Páscoa é o momento de ressureição não fantasiosa, mas concreta. “Parte do nosso coração. Eu não vinha me sentindo bem, mas a quaresma me fez viver hoje esse momento de celebração. A Páscoa é a espera da ressurreição. Ver que as coisas passam”, contou.

Após a celebração, às 18h, a procissão do Senhor Morto saiu da Catedral, na Avenida República do Chile, em direção aos Arcos da Lapa, para a realização do tradicional Auto da Paixão.
Alexandre Silva, de 40 anos, ressaltou que para ele, é importante apresentar a religião para a filha mais nova. O aeroviário disse que a Páscoa representa o novo. “No mundo de hoje precisamos de amor. De olhar para o próximo. E a Páscoa representa isso. O novo olhar. Cristo pede que um olhe pelo outro”, afirmou.

Ao longo do final de semana, outras homenagens serão realizadas na Catedral. No sábado (30), haverá a Solene Vigília Pascal, às 18h. Já no Domingo de Páscoa (31), a Santa Missa acontece às 10h. Ambas serão celebradas pelo cardeal-arcebispo.
Além da Catedral, houve procissões em diferentes partes do Rio. Na Avenida Bruxelas, em Bonsucesso, fiéis também celebraram a data.
Auto da Paixão
Depois da procissão, mais de 200 pessoas se concentraram nos Arcos da Lapa para prestigiar a 44ª edição do tradicional Auto da Paixão de Cristo. Neste ano, o espetáculo contou com a participação de 35 atores/cantores. 

O papel de Jesus foi interpretado por Leonardo Iglesias, enquanto o ator Rogério Madruga assumiu o personagem Herodes. A atriz Carla Rizzi representou Maria, e Maria Madalena foi interpretada por Tatty Caldeira. Além disso, a peça alternou músicas religiosas e sucessos da Broadway, como "Godspell".
O espetáculo gratuito foi organizado pelo Vicariato Episcopal para a Cultura, em parceria com a Associação Cultural da Arquidiocese do Rio, a Fundação Cesgranrio e com o apoio da prefeitura.