O vereador Pedro Duarte, de 32 anos, é o pré-candidato do Partido Novo para a Prefeitura do Rio nas próximas eleições. Em entrevista à coluna, ele falou sobre sua principal bandeira, que é "encontrar soluções viáveis para o Rio" nos mais diversos setores. Pedro Duarte criticou ainda a gestão de Eduardo Paes e disse que ele foi escolhido por ter sido "aposta dos eleitores quando eles olhavam para o retrovisor e viam a gestão do Crivella". O pré-candidato do Novo também comentou sobre seu partido passar a aceitar dinheiro público, que tanto criticava.
SIDNEY: O senhor é pré-candidato à prefeitura do Rio. Qual será sua principal bandeira política?
PEDRO DUARTE: Nossa prioridade é encontrar soluções viáveis para o Rio. Não estou falando aqui de obras faraônicas ou de promessas irreais. Estou falando do dia a dia da educação, saúde, segurança... Vou, por exemplo, zerar a fila de espera por uma vaga em creches da cidade - fila essa que, no governo Paes, hoje é de 15 mil crianças. É inaceitável que uma cidade com orçamento de R$ 38 bilhões ainda não tenha resolvido isso. Vale o mesmo para a cobertura da Clínica da Família, que ainda não chegou para todos os cariocas. Ouvimos sempre também as pessoas reclamando que os médicos, pressionados pelas metas de atendimento, não dão o tempo e atenção devidos a cada paciente. Não pode ser assim. Vejam os quase R$ 220 milhões que Paes gastou em propaganda só neste mandato. Isso deveria ser destinado à nossa rede de saúde. Afinal, o que muda realmente a vida das pessoas: saúde ou propaganda desnecessária da prefeitura? É urgente também mudar a mentalidade no Rio, acabar com o “apadrinhamento” e com a “carteirada” na hora de o cidadão buscar acesso a serviços básicos. Chega daquela velha história de que só se consegue vaga na creche, um exame ou até uma licença para trabalhar quem conhece um vereador ou “alguém importante”. Vamos acabar com isso.
Quais os principais acertos e erros da atual gestão Eduardo Paes?
O Eduardo Paes vive hoje muito da imagem pessoal que ele construiu. Mas, neste mandato, se tirar o chapéu Panamá e a roda de samba, o quanto sobra de entregas da gestão? O prefeito entregou secretarias a aliados e amigos políticos, aquela panela de sempre. Tivemos seis secretários de Habitação, outros quatro de Turismo. Não entregaram nada, é o vale tudo pelo apoio dos partidos. Não há projeto para a cidade do Rio, pois o do Paes, hoje, é ser governador e construir as alianças que entender necessárias, inclusive tendo colocado Chiquinho Brazão como seu secretário. A Zona Norte foi abandonada, bairros tradicionais estão em decadência e foram tomados pela favelização e pela falta de segurança. Na Zona Oeste, uma elite de milicianos se associa a uma elite de políticos, parceiros do prefeito, para, juntos, lotear os órgãos e serviços públicos, como vimos recentemente no noticiário. Na minha opinião, Paes foi a aposta dos eleitores quando eles olhavam para o retrovisor e viam a gestão do Crivella, que foi tenebrosa, mas basta de irmos para a urna escolhendo o “menos pior”. O Rio merece mais.
O Novo começou suas atividades propondo ser diferente dos outros. Mas agora os senhores decidiram aceitar dinheiro público. O que mudou?
O Novo continua diferente. Veja o meu caso: rejeitei uma série de benefícios oferecidos pela Câmara dos Vereadores, como o auxílio-combustível, concedido aos parlamentares sem transparência, e carro oficial. Uso transporte público para ir e vir do trabalho desde o primeiro dia do nosso mandato de vereador. Podemos ainda citar o exemplo que é para todos nós a gestão do governador Romeu Zema, do Novo. Ele tirou Minas Gerais de uma situação de déficit de R$ 11,2 bilhões, em 2018, fechando 2023 com um superávit de R$ 299 milhões. Isso é compromisso com o corte de gastos desnecessários e com a meta de manter as contas em dia. Sobre o fato de passarmos a usar dinheiro público, é importante dizer que ficou inviável um partido continuar existindo e elegendo pessoas sem o uso dos fundos eleitoral e partidário. Isso porque a legislação brasileira criou todo tipo de dificuldade para doações privadas. O que precisamos, então, é eleger mais pessoas que queiram mudar isso. Não adianta reclamar da arquibancada. É preciso ter condições de entrar em campo e fazer diferente. Sempre que o Novo tiver oportunidade de votar contra esses fundos, irá fazê-lo.
Qual a diferença da sua candidatura para as outras que também se apresentam como de direita?
Eu debato e vivo o Rio de Janeiro, não Brasília. Também sou crítico a Lula e ao PT, mas meu foco é na nossa cidade e nos nossos desafios. A falta de segurança pública, o colapso do transporte público e a quantidade de cariocas que abandonam o Rio de Janeiro me preocupam muito mais do que a próxima eleição presidencial. Além disso, não faço parte da “panelinha” de nenhum grupo político. Meu compromisso é com o carioca. Respeito todos os adversários, mas, sabendo de todos os problemas de poder paralelo que o Rio enfrenta, não dá para entender a proximidade do deputado Ramagem com Cláudio Castro, um governador do mesmo partido completamente passivo e alheio a tudo que se passa por aqui. Sem falar nos votos que o Ramagem e o Otoni deram a favor da soltura do Chiquinho Brazão. Tem ditado que resume bem isso: “diga-me com quem tu andas, e eu te direi quem tu és”.
Segurança, talvez o principal problema do Rio. O que a prefeitura pode fazer para ajudar a combater a criminalidade?
O primeiro passo para se combater a criminalidade é não aceitar criminosos no governo. Não estou falando somente de princípios éticos. Convenhamos: não tem como falar que enfrenta o crime organizado, se, por outro lado, o Poder Público o fortalece ao dar cargos para seus braços políticos. Esse é um ponto que o Eduardo Paes está tentando jogar para debaixo do tapete, assim como ele tenta nos convencer de que Segurança Pública é uma responsabilidade apenas dos governos estadual e federal. Eu discordo. Até porque todos os serviços públicos são afetados pelo agravamento da violência. Se houver tiroteio, as escolas ficam sem aula. Os hospitais são invadidos por bandidos a toda hora. Comerciantes são achacados por fiscais corruptos, pelo tráfico e, agora, pela milícia. Nesse sentido, está mais do que na hora de armarmos a nossa Guarda Municipal, assim como fizeram São Paulo e Belo Horizonte. Se a nossa corporação estivesse armada e treinada para agir, já poderia estar ajudando a coibir os constantes arrastões na Avenida Pastor Martin Luther King e na Avenida Dom Hélder Câmara. Já poderia entrar nos ônibus e coibir a ação de gangues contra o trabalhador. Não dá só para dizer que o governador Cláudio Castro é inábil. Isso a gente já está cansado de saber. O prefeito tem que fazer a parte dele. E eu vou fazer!