Amanhã, no oitavo dia da Páscoa, o Evangelho nos apresenta duas aparições de Jesus Ressuscitado aos discípulos e em particular a Tomé, o "Apóstolo incrédulo". Na realidade, Tomé não é o único que tem dificuldade em acreditar, aliás, representa um pouco todos nós.
Ao nos contar a história de Tomé, o Evangelho nos mostra que o Senhor não procura cristãos perfeitos. O Senhor não procura cristãos que nunca duvidam e sempre ostentam uma fé segura. Quando um cristão é assim, há algo errado.
A aventura da fé, como para Tomé, é feita de luzes e sombras. Ela conhece tempos de consolação, ímpeto e entusiasmo, mas também de cansaço, desorientação, dúvida e escuridão. O Evangelho nos mostra a "crise" de Tomé para nos dizer que não devemos temer as crises da vida e da fé.

As crises despertam a nossa necessidade de Deus e nos permitem assim regressar ao Senhor, tocar as suas feridas, experimentar novamente o seu amor. É melhor ter uma fé imperfeita, mas humilde, sempre orientada para Jesus, do que uma fé forte, mas presunçosa, que nos torna orgulhosos e arrogantes.
Perante a ausência e o caminho de Tomé, que muitas vezes também é nosso, qual é a atitude de Jesus? O Evangelho diz duas vezes que ele "veio". Jesus não desiste, não se cansa de nós, não tem medo das nossas crises, das nossas fraquezas. Ele volta sempre. E não volta com sinais poderosos que nos fariam sentir pequenos e inadequados, mas com as suas feridas, mostrando as suas chagas, sinais do seu amor que abraçou as nossas fragilidades.
Sempre quando experimentamos cansaço ou momentos de crise, Jesus, o Ressuscitado, deseja regressar para estar conosco. Ele espera unicamente que o procuremos, que o invoquemos, até mesmo que protestemos, como Tomé, mostrando-lhe as nossas necessidades e a nossa incredulidade. Ele regressa sempre, porque é paciente e misericordioso.
Padre Omar