Rádio MEC completa 100 anosFernando Frazão - Agência Brasil

Há exatos 100 anos a Rádio Sociedade, hoje MEC, era apresentada aos mais diferentes setores da população do Rio de Janeiro. Em 1923, nós éramos a capital de um país que buscava a todo instante se apresentar como novo, moderno, capaz de acompanhar os avanços tecnológicos mundiais. O dia 20 de abril seria importante para uma nova era.
Para tal evento, não por acaso, o hoje prédio da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Largo de São Francisco, no Centro, foi o espaço escolhido pelo educador Edgar Roquette-Pinto. Ali a Engenharia ganhou corpo no país. Ali era ( e ainda é) um dos principais polos de debates científicos. A praça, com a estátua de José Bonifácio como referência, também daria ainda mais sentido ao evento: aquele lugar foi palco de protestos contra a Escravidão. A liberdade marca esse canto do Rio. 
Na Amazônia e trabalhando como antropólogo, Roquette-Pinto vislumbra o rádio como ferramenta educativa. Era um jeito de encontrar rincões isolados, de informar os que não tinham acesso, de educar. Apesar de haver experiências anteriores de radiodifusão no Brasil, como em São Paulo e em Pernambuco, é em 1922, no Centro do Rio de Janeiro, que a primeira transmissão desse veículo potente acontece para um público grande e poderoso. Menos de um ano após esse feito, Roquette-Pinto lança a primeira emissora de rádio do Brasil. 
Como o nome já antecipa, a hoje MEC nasce com o objetivo de conectar a sociedade. Deveria ser um instrumento educativo. Em 1936, Roquette toma uma decisão arrojada e altruísta: doa a empresa para o Governo Federal. Os relatos da época não deixam dúvidas: havia o sentimento de estar entregando a mão de uma filha. 
Em 100 anos, a rádio MEC formou talentos, revelou músicos, artistas, abriu oportunidades para todas as regiões do Brasil, conectou os desconectados, registrou peças que jamais serão montadas, shows que jamais acontecerão novamente. A MEC teve, na lista de contratados, Fernanda Montenegro e Paulo Autran. A poetisa Cecília Meirelles saia do Cosme Velho para bater cartão. Os mineiros Carlos Drummond Andrade, Fernando Sabino e Paulo Mendes Campos escreveram poemas e programas. A MEC ensinou e ensina gerações de que rádio pública de Estado é diferente de rádio pública de Governo - e isso que faz ter notoriedade, prêmios e sobrevivência. 
Quando Roquette-Pinto deu sua própria rádio ao Governo, exigiu que ficasse ligada ao Ministério da Educação (por isso rádio Ministério da Educação). Getúlio Vargas, então ditador, sugeriu que o veículo se juntasse à ala de Comunicação. A Educação e o bom senso acabaram prevalecendo. Desde sempre, as brigas com os olhares equivocados são travadas. 
Acabo de chegar da comemoração aos 100 anos da MEC. O documentário "Rádio MEC – A Escola da Rádio" foi exibido, tirando o fôlego com as denúncias de péssimos tratos recentes. Tentaram diminuir. Humilhar. Destruir. Mesmo estando próximo à rádio MEC nos últimos anos, não tinha noção. O escritor José Saramago defendia que "é preciso sair da ilha para ver a ilha".
"A rádio precisa pensar nos próximos 100 anos", "precisamos trabalhar a preservação" e "buscaremos a digitalização do acervo". Essas frases são do discurso de Antônia Pellegrino, atual responsável pelo Conteúdo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). O respiro da plateia sugeria um verdadeiro encontro com o Nirvana.
É, estamos em 1923 e o que mais necessitamos é mostrar que somos capazes de acompanhar o mundo. De acompanhar o mundo. 
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Casa de Cultura Laura Alvim
 
Voltei à Casa de Cultura Laura Alvim após um ano e meio. 
Irreconhecível. Bar funcionando, pintada, com rádio online e por aí segue. 
Realmente o trabalho do gestor público de Cultura José Roberto Gifford precisa ser estudado. 
 

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Casa de Cultura Laura Alvim II 

 
A peça "Perversa", de Mônica Bittencourt e Gustavo Rocha, foi sucesso absoluto. Todos os dias com lotação máxima. O texto está incrível, Mônica sendo Mônica e a direção mostra porque Gustavo Rocha é tão premiado. 
 
 
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Casa de Cultura Laura Alvim III
 
Sorte aos novos gestores da FUNARJ Jackson Emerick, que vem da Secretaria de Cultura de Mendes, e 
Carlos Janan, que conhece muito de cultura popular.