Vista de carros presos na estrada BR-116 em São Leopoldo, no RSAFP

O Rio Grande do Sul está em alerta máximo nesta segunda-feira, 13, após os rios Taquari e Caí voltarem a transbordar. Além disso, o nível do Guaíba pode atingir um novo recorde. De acordo com a Defesa Civil, a chuva forte pode provocar novos alagamentos, ventos fortes e descargas elétricas.
O órgão alerta para que a população retire os "eletroeletrônicos da tomada durante os temporais, e feche bem portas e janelas". 
"Caso seja surpreendido pelo tempo severo, busque abrigo, e não atravesse alagamentos a pé ou, mesmo, de carro. Procure informações junto à Defesa Civil da sua cidade, para saber quais os riscos e como agir em caso de desastre no seu município", diz o órgão.
O governador Eduardo Leite (PSDB) gravou um vídeo nas redes sociais e manifestou preocupação com a previsão de novas enchentes e deslizamentos na Região da Serra e dos Vales.

"Não é hora de voltar para casa, de estar em área de risco. As áreas de encostas de morro precisam ser evitadas porque o solo está encharcado. Os riscos de deslizamentos são reais", alerta o gestor estadual.
Nesta semana, Porto Alegre pode registrar uma nova cheia histórica, com a possibilidade do Guaíba atingir 5,5 metros nas próximas 48h, ultrapassando o pico de 5,3 metros do último dia 5.
O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden) emitiu, neste domingo, 12, um novo alerta de riscos hidrológicos e geológicos muito altos no estado. O rio Taquari ultrapassou os 26 metros em Lajeado, e o Caí, que já está em cota de inundação, apresenta elevação significativa, gerando inundações severas, segundo a Defesa Civil do estado.
A região Sul do estado também está em alerta. O Canal São Gonçalo, em Pelotas, bateu a marca de 2,88 metros, o mesmo nível da enchente de 1941. Eduardo Leite alertou para a invasão das águas nas cidades de São Lourenço do Sul, Pelotas, São José do Norte e Rio Grande.
Previsão do tempo
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), afirma que a partir desta segunda está "prevista a passagem de uma frente fria mais intensa sobre a Região Sul do Brasil e o posterior ingresso de uma massa de ar frio e seco, o que irá ocasionar uma queda acentuada das temperaturas e ainda diminuir a possibilidade de chuva durante a próxima semana".
O período da tarde será de bastante frio em parte do estado. Em algumas localidades, a temperatura não irá passar dos 13°C, como em pontos da campanha e da serra. Em Porto Alegre e região metropolitana, as máximas devem oscilar entre 16°C e 18°C.

Segundo o Inmet, na manhã da terça-feira, 14, as temperaturas tendem a baixar mais, podendo chegar a 3°C e 4°C na região da campanha e serra gaúcha.
"A previsão indica a possibilidade de geada, especialmente nas áreas de fronteira com o Uruguai. Na capital do estado, a mínima deve ficar em torno dos 8°C. Neste dia, as máximas em alguns municípios da serra gaúcha não irão passar dos 10°C", aponta.

Na quarta-feira, 15, por sua vez, o ar frio e seco ganha força e o amanhecer do dia pode ter mínima de 0°C a 1°C, com possibilidade de geada moderada a forte em alguns pontos. Na região da campanha e serra do sudeste, as mínimas ficarão em torno dos 2°C. O período da tarde será de temperaturas baixas na maior parte do estado.
Consequência dos temporais
A tragédia no Rio Grande do Sul já deixou 147 mortes confirmadas, segundo boletim da Defesa Civil divulgado nesta segunda-feira, 13. O número de feridos subiu para 806 e 127 desaparecidas.
Os dados ainda mostram que mais de 538 mil pessoas estão desalojadas e mais de 81 mil estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 447 cidades foram afetadas e mais de 2 milhões de pessoas sofrem com as inundações.
"Esses números podem mudar ainda substancialmente ao longo dos próximos dias, na medida em que a gente consiga acessar as localidades e consiga ter a identificação de outras vidas perdidas", diz o governador.
O balanço também aponta que mais de 76 mil vítimas das enchentes já foram resgatadas e mais de 10 mil animais foram salvos, na grande operação que conta mais de 27 mil pessoas, mais de 4 mil viaturas, 41 aeronaves e 340 embarcações.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 143 mil clientes estão sem luz. Já a outra concessionária de energia, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, divulgou que há mais de 142 mil clientes sem energia em sua área de atuação.
Ao todo, são mais de 131 mil sem água, de um total de 6 milhões de clientes da Corsan no RS. Há ainda dezenas de municípios sem serviços de telefonia e internet das companhias Tim, Vivo e Claro, de acordo com a Defesa Civil.
Os temporais também causaram danos na infraestrutura viária do estado. Pelo menos 105 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, 59 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
De acordo com o balanço da Defesa Civil, mais de 270 mil estudantes foram impactados pelas cheias em escolas em toda Rede Estadual de ensino, com as aulas suspensas.
O boletim ainda mostra os números de escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
- 1.031 escolas
- 244 municípios
- 29 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs)
- 359.002 estudantes impactados
- 532 escolas danificadas com 217.416 estudantes matriculados
- 82 escolas servindo de abrigo
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.