Deputado Glauber BragaDivulgação: Câmara dos Deputados

Brasília - O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados instaurou nesta quarta-feira, 24, um processo disciplinar para apurar a conduta do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), após o parlamentar expulsar da Câmara a empurrões e chutes o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro. A representação feita pelo Partido Novo e pede a cassação do parlamentar, por condutas que "violam as normas de decoro que exigem respeito e decoro nas interações".
Foram sorteados como possíveis relatores do processo os deputados Cabo Gilberto Silva (PL-PB), Rosângela Reis (PL-MG) e Sidney Leite (PSD-AM). Agora, caberá ao presidente do conselho, Leur Lomanto Júnior (União-BA), escolher o responsável.
O relator terá um prazo de dez dias úteis para apresentar um parecer preliminar, que poderá ser pelo prosseguimento ou arquivamento do caso. Se o processo seguir, depois de algumas etapas, que preveem espaço para defesa do parlamentar, o relator poderá opinar pela absolvição ou punição, que vai de censura à perda do mandato parlamentar.
Entenda o caso
O parlamentar foi filmado agredindo Gabriel Costenaro durante uma confusão na Câmara dos Deputados no dia 16 de abril. Glauber Braga empurrou, até a rua, o militante do MBL a base de chutes e empurrões. O incidente aconteceu após um bate-boca durante a entrada de Braga.
Em um vídeo que circula pelas redes sociais mostram o influencer abordando Glauber perto das catracas que dão acesso ao Congresso. Costenaro fala para o deputado sobre um suposto processo ganho por difamação.
Glauber, então, rebate citando uma suposta violência doméstica praticada pelo militante. "De quem é difamação? Da sua ex-companheira? Violência doméstica da sua parte. Seus seguidores sabem que você tem um processo de violência doméstica?", argumentou.

Costenaro argumenta que o deputado não leu o processo e o chama de "burro". Em seguida cita a mãe de Braga, que responde. "Minha mãe é uma mulher honrada, que não está aqui para se defender, mas eu estou aqui para fazer a defesa", rebate.

Em seguida os dois se aproximam, enquanto militante chama o deputado de fraco e o acusa de "chamar pessoas para bater nos outros". Glauber então passa a mão na gravata do jovem e lhe afasta. Costenaro afirma que o parlamentar "ainda vai vê-lo muito".

Glauber novamente faz acusações contra o jovem. "Esse sujeito ameaçou a mãe de um militante nosso e tem anotação por violência doméstica e está pensando que vai entrar aqui assim", disse.

O clima esquenta e dezenas de pessoas que assistem a cena afastam Glauber Braga do influencer. No entanto, após algumas tentativas, o deputado retorna para perto do rapaz e começa a empurrá-lo para fora dos corredores.

Uma pessoa diz a Glauber: "Deputado deixa esse 'mané' aí". Outro fala que "é isso que ele quer". O deputado então responde: "Se é isso que ele quer, é isso que ele vai ter". E segue empurrando o militante até a rua. Do lado de fora, algumas pessoas que acalmam a situação solicitam a presença da Polícia Legislativa.
Por meio de nota da assessoria, o deputado federal do PSOL se manifestou. "Esse sujeito do MBL tem histórico de agressão a mulheres. É a quinta provocação dele! Na quarta vez ele ameaçou a mãe de um militante nosso com mais de 70 anos dizendo que sabia onde ela morava. Já existe boletim de ocorrência sobre isso. Não me arrependo de nada do que fiz", disse.
Outra confusão
O deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) saiu em defesa de Costenaro nos corredores. O parlamentar havia publicado horas antes na rede social X (antigo Twitter) que o influencer participaria de um debate na casa com Tarcísio Motta (PSOL-RJ).
Ao encontrar Glauber Braga, Kim também se envolveu na confusão. Em um vídeo publicado no perfil do parlamentar, o membro do MBL afirma que Braga teria ido em direção ao militante, que estaria "parado". Na gravação é possível ouvir o deputado do PSOL afirmando que o influencer teria tentado intimidá-lo e o chama de "defensor de nazista".
Neste momento, Kataguiri levanta a mão para argumentar com Braga, que a segura e fala "abaixa a mãozinha". Um novo bate-boca se inicia e policiais legislativos separam os dois.