Por gabriela.mattos

Rio - Com um celular na mão e uma ideia na cabeça, 30 alunos de Administração da Escola Nacional de Seguros produziram o documentário ‘CenaRio - Sustentabilidade em Ação’, em parceria com o Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), com sede na capital. Com 25 minutos de duração, o filme irá contar a história de 16 microempreendedores com histórias de negócios sustentáveis de sucesso.

A estreia será no dia 21 de setembro, no Cine Odeon, na Cinelândia, para 600 pessoas. Mas o filme vai rodar o mundo, com mostras em 166 países onde há sede do Programa da ONU para o Desenvolvimento. A iniciativa deve ser repetida no exterior. “É o primeiro documentário da ONU no mundo feito só com o celular, sem gastar nada. São jovens identificando iniciativas para mostrar histórias de empreendimentos sustentáveis de sucesso, apesar da crise no país”, explica Francisco Filho, que dirigiu o filme em parceria com a alemã Michelle Elsaesser.

Pai e filho%2C Julio César e Ricardo de Moraes fabricam produtos com garrafas PET e caixas de leite no VidigalDivulgação

A iniciativa é apontada como legado da Rio + 20, conferência das Nações Unidas ocorrida há quatro anos para elaborar a agenda global de ações de preservação aos recursos naturais até 2030. “O documentário mostrará que a energia da Rio + 20 continua ativa. E passará ao mundo uma mensagem de esperança, inspirando projetos para a sustentabilidade no mundo”, projeta Layla Saad, vice-diretora do Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Na sinopse do documentário, está a história de um espaço onde funcionava o lixão do Vidigal, onde havia 20 mil toneladas de dejetos. E que virou um parque construído com materiais reciclados, onde crianças da comunidade têm aulas de arte.

Na mesma comunidade, pai e filho garantem o sustento usando garrafas PET e caixas de leite para confeccionar bolsas, cintos, pulseiras e brincos. “Esse trabalho começou como uma terapia e foi tomando corpo, com a procura cada vez maior pelas peças. Mas não tínhamos ideia de como administrar o negócio. Aprendemos a usar os canais de distribuição e começamos a participar de feiras e eventos. Hoje temos segurança para avançar como empreendedores”, diz Julio César de Moraes, que administra o negócio com o filho Ricardo.

Ele participou do projeto ‘Ressignificando o Futuro’, iniciativa da Escola Nacional de Seguros que une educação e empreendedorismo. Eles aprenderam ferramentas de gestão, tornando seus negócios mais rentáveis.

O filme também mostra a rotina do taxista que circula com um veículo elétrico abastecido com energia solar. E acompanha o cotidiano de artesãos que usam materiais de descarte como matéria-prima para confeccionar produtos vendidos em feiras. 

As iniciativas não transformaram apenas a realidade dos empreendedores. A estudante Amanda Stenkofp, que registrou a rotina de uma senhora que vende seus produtos na feira do Lavradio, disse que a experiência também a modificou. “Tive a oportunidade de acompanhar, na prática, todo o conhecimento que adquiri na faculdade ao participar do documentário. Foi um grande aprendizado”, avalia.

Refugiados no documentário

As histórias registradas no documentário também irão mostrar um drama universal e uma história de solidariedade para os 166 países onde será exibido. Refugiados que buscaram abrigo no país foram recebidos na Igreja São João Batista, em Botafogo, onde também encontraram um meio para sobreviver após deixarem os seus países de origem.

A aposta é na diversidade. Em um projeto em parceria com o Morro Santa Marta, a igreja vende roupas usadas. Na igreja, também é mantida uma biblioteca-livraria, onde são comercializadas obras e CDs. Os refugiados ainda vendem sabonetes, decorações com bandeiras de clubes de futebol e comida árabe. Tudo para que consigam se reerguer.

Em outra iniciativa retratada no filme, a arquiteta Cristina Camargo mostra como fez a restauração de mais de 20 imóveis no Porto Maravilha com tijolos expostos e sem reboco, seguindo uma nova tendência contemporânea. É que as casas foram tombadas e precisam manter as suas características originais.

Para o professor Mario Pinto, diretor da Escola Nacional de Seguros, a parceria com a ONU irá servir de exemplo para o mundo. “O filme mostra iniciativas com poucos recursos, mas que conseguem proporcionar grandes transformações. Vai mostrar para o mundo que é possível mudar uma realidade adversa”.

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