Larissa Caroline denunciou os ataques racistas que tem sofridoReprodução / Redes sociais

Rio - A estudante de técnica em Farmácia Larissa Caroline, de 21 anos, denunciou que tem sofrido diversos ataques racistas por parte de uma colega de classe na unidade de Bonsucesso, na Zona Norte, da Escola Técnica Vencer. A instituição alega que as agressões aconteceram por meio de redes sociais, mas a jovem afirma que também foi chamada de "macaca" dentro da sala de aula.
Em conversa com O DIA nesta quarta-feira (8), Larissa relatou que entrou no curso há cerca de um ano e, desde então, a perseguição começou sem motivos. A estudante não havia denunciado anteriormente porque a agressora também é negra, mas recebeu orientações de um advogado de que deveria registrar a ocorrência.
"O que mais me entristece é porque é uma pessoa com o mesmo tom de pele que o mesmo. A gente deveria estar se acolhendo, se respeitando uma a outra, mas acaba acontecendo essa situação dentro da sala de aula e por mensagens. Desde que eu entrei no curso, ela já começou com bullying contra mim, dizia que quem falava com ela, não falaria comigo. Ela diz que no ambiente que eu estivesse, ela ia se retirar. A situação foi ficando mais grave", contou Larissa.
Em depoimento, a estudante afirmou que, no último dia 25, estava em sala de aula e, durante uma discussão por notas, a suspeita a chamou de "macaca". A jovem questionou o motivo do xingamento e a colega respondeu: "chamo mesmo". O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso) como injúria por preconceito. 
Os ataques racistas também aconteceram em um grupo de redes sociais do qual Larissa não participa. Uma outra moça mostrou mensagens que a suspeita mandou aos amigos.
"Essa macaca está se chegando a todo mundo do nosso grupo. Ela não me desce e não pretendo aceitá-la no meu convívio de modo que, quando vocês estiverem próximos dela ou ela se meter no nosso meio, eu automaticamente me afastarei", escreveu a mulher.
Ao DIA, Larissa contou que levou a denúncia e o registro da ocorrência à direção da escola técnica, mas não foi tomada qualquer providência. Depois que o caso foi publicado nas redes sociais, ela disse que a unidade entrou em contato para pedir cautela na exposição da situação e tempo para resolver o problema.
"Entraram em contato comigo agora por conta da visibilidade do ocorrido, disseram que querem resolver, mas precisam de tempo. Falaram que eu preciso ter cautela nas coisas que eu falo, que eu posto. O ocorrido já tem semanas, tenho provas de tudo que está acontecendo desde que eu entrei no curso. Eu falei para eles que eu me sinto mal, porque disseram que a aluna continuaria assistindo aula no mesmo ambiente que o meu e vai se formar junto comigo. Não propuseram nenhuma ajuda. Me 'obrigam' a continuar no mesmo ambiente dessa pessoa como se nada tivesse acontecido", lamentou.
Em nota, a Polícia Civil informou que a investigação está em andamento e autora será ouvida pelos agentes, que também analisarão as imagens.
Por meio de um comunicado, a Escola Técnica Vencer afirmou que repudia qualquer ato de discriminação e injúria racial. Além disso, alegou que foi aberta uma sindicância interna para apurar os fatos e adotar medidas disciplinares.
"No intuito de colaborarmos com a Polícia Civil em suas investigações, apresentaremos até amanhã os dados cadastrais da aluna acusada, demonstrando nossa total cooperação com as autoridades", comunicou.
Veja a nota na íntegra
A Escola Técnica Vencer reitera seu repúdio a quaisquer atos de discriminação e injúrias raciais, reforçando seu compromisso com a promoção de um ambiente escolar inclusivo e respeitoso.
Informamos que uma sindicância interna está em curso para apurar os fatos, e a aluna acusada de proferir as injúrias foi afastada de suas atividades educacionais até decisão final do procedimento interno instaurado.
No intuito de colaborarmos com a Polícia Civil em suas investigações, apresentaremos até amanhã os dados cadastrais da aluna acusada, demonstrando nossa total cooperação com as autoridades.
Reiteramos nosso apoio à aluna ofendida e à sua família, e convocamos a comunidade escolar a unir-se contra o racismo e qualquer forma de discriminação.