Advogado de CReprodução / Instagram

Rio - A família de César Gomes, de 44 anos, ritmista da Mangueira que morreu na quarta-feira (1°) após ser atropelado por um ônibus nas proximidades do Morro da Mangueira, na Zona Norte, pretende ingressar na Justiça contra a Rodoviária Âncora Matias, proprietária do veículo envolvido no acidente, pedindo uma indenização milionária.
Em entrevista ao DIA, o advogado Marcelo Andrade, de 56 anos, representante da família de César, disse que ainda está se organizando para acionar a empresa na Justiça.
"Ainda estou coletando os documentos necessários, do IML e dos Bombeiros. Pretendo pedir R$ 1,5 milhão de indenização, que será repartido entre o pai, a companheira e os quatro irmãos", disse.

Andrade disse, ainda, que apenas nesta sexta-feira (3) recebeu uma ligação do advogado da Rodoviária Âncora Matias, dois dias depois do acidente. "Recebemos a ligação do senhor Alex (irmão de César). Conversei com ele que a empresa (Matias) não está fugindo de suas obrigações e que vai resolver a questão da melhor forma possível", disse o advogado da empresa a Andrade.

Alexander Gomes, de 45 anos, irmão de César, confirmou o contato e disse que a família segue esperando algum tipo de suporte.
"Não queremos dinheiro, só estamos em busca de um pedido de desculpas, alguma satisfação. Queremos justiça pelo meu irmão. Ele não merecia morrer desse jeito. Morrer todo mundo vai, mas a forma que aconteceu nos deixou indignados. Era um homem muito bom, de índole elevada. Todo mundo amava ele", desabafa.

Alan Antunes da Silva, outro ferido no acidente, explica que também não recebeu nenhum tipo de apoio da Matias. "A empresa não falou nada diretamente com a gente, nem comigo nem com a família do César. Também não foram ao sepultamento. Está sendo muito difícil, porque ainda me encontro com algumas sequelas do acidente, com pontos, fazendo curativos, tudo por conta própria. Graças a Deus fui salvo", disse.

Por meio de nota, a Polícia Civil informou que agentes da 25ª DP (Engenho Novo) estão analisando as imagens do interior do coletivo, e que testemunhas seguem sendo ouvidas.

Procurado pelo DIA, o advogado da Âncora Matias, Alexandre Assunção, afirmou que a empresa "lamenta profundamente o ocorrido, está contribuindo com as investigações e já fez contato com o advogado que representa a família da vítima."

Motorista alega mal súbito
César foi sepultado na tarde desta quinta-feira (2), no Cemitério do Caju, Zona Portuária da cidade. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o homem foi atropelado. A vítima estava abaixada mexendo na moto quando o ônibus da linha 249 (Centro x Água Santa) passou por cima dos veículos que estavam parados. César foi arrastado por cerca de 30 metros.
Em entrevista ao DIA, o delegado Geovan Omena, plantonista da 25ª DP (Engenho Novo) disse que o motorista teve um mal súbito e que só despertou quando o acidente já tinha acontecido. Omena explicou que vai analisar as imagens de câmeras de dentro do ônibus para confirmar a versão.

O condutor Antônio Rodrigues de Souza, de 58 anos, trabalha há 30 anos na empresa. Segundo o delegado, não foi realizado o auto de prisão em flagrante porque ele permaneceu no local e prestou socorro às vítimas.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Thiago Antunes