Polícia Civil realizou perícia no local onde aconteceu o festival de música, no RiocentroPedro Ivo/Agência O Dia

Rio - O laudo técnico da Polícia Civil identificou falhas na estrutura do festival de música no Riocentro, na Zona Oeste do Rio, cujo evento terminou na morte do jovem João Vinicius Ferreira, de 25 anos. Segundo os documentos apresentados pela 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), responsável pelas investigações, havia fios desencapados e sem isolamento adequado no espaço do evento. João morreu após sofrer uma forte descarga elétrica ao encostar em um food truck durante o festival 'I Wanna Be Tour' no dia 9 de março deste ano. Na ocasião, chovia muito.
Ao todo, 13 pessoas foram indiciadas por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, e fraude processual. Entre os denunciados estão: coordenadores e supervisores do evento, organizado pela empresa 30e, eletricistas, proprietários e gestores, além de engenheiros e responsáveis técnicos do Riocentro. Os donos do food truck não foram indiciados, pois, segundo o inquérito, as instalações elétricas estavam regulares. 
Poucas horas depois, no dia 10 de março, a mãe da vítima, Roberta Ferreira Isaac, registrou fios expostos jogados pelo chão. Na perícia, os agentes encontraram ainda fios dentro de um bueiro com água. Diversas testemunhas confirmaram que viram fios espalhados pelo chão e reclamaram da falta de organização.
Na ocasião, o espaço não foi preservado para perícia, sendo limpo e esvaziado antes da chegada da polícia. O food truck responsável pela descarga elétrica que atingiu a vítima também foi encontrado vazio e limpo, antes da realização da perícia. 
Relembre o caso
No dia do evento, uma grande tempestade atingiu o local. Ao tentar se proteger da chuva, João acabou encostando em um food truck e recebendo uma descarga elétrica. Ele sofreu uma parada cardíaca, chegou a ser reanimado, socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas sofreu outra parada e não resistiu.

Segundo a família, um médico legista do Instituto Médico Legal (IML) contou que o jovem estava com uma marca nas costas provocada por um condutor elétrico, mas que ele não estava molhado na hora do incidente, pois suas roupas estavam secas, assim como seus documentos.
Na época, a empresa 30e lamentou o caso e informou que durante a chuva, o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança. "Neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado: O jovem João Vinícius Ferreira Simões foi atingido por uma descarga elétrica. O sistema de segurança foi acionado no mesmo instante para atendimento e para as providências de socorro", disse um trecho do comunicado.
Procurada pela reportagem, a empresa informou que aguarda ter acesso integral aos documentos para se posicionar. Já o Riocentro disse que recebeu com perplexidade a informação, pela mídia, de que colaboradores da concessionária foram indiciados pela Polícia Civil e informou que a empresa tem colaborado com as autoridades durante toda a investigação e segue à disposição para o devido esclarecimento dos fatos.
"O centro de convenções ainda não foi formalmente notificado e, logo que o for, irá comprovar que não teve qualquer participação na montagem, desmontagem ou realização do Festival I Wanna Be Tour. Uma área externa do Riocentro foi alugada para a 3Oe, empresa responsável pelo festival, e a mesma apresentou toda a documentação necessária para a realização do evento, inclusive o Alvará e o AVCB do Corpo de Bombeiros. Toda a produção e operação do festival eram de responsabilidade da 3Oe, incluindo alimentação, segurança, distribuição elétrica, brigada de incêndio, serviços médicos e instalações elétricas", disse em comunicado.