Marcinho VP foi condenado a 50 anos Reprodução/TV Record

Rio - Condenado a mais de 50 anos de prisão, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV) se tornou o primeiro "imortal" da Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC). O título foi concedido, nesta quinta-feira (18), durante a cerimônia de criação da iniciativa de estímulo à produção literária para detentos.
Releitura da tradicional Academia Brasileira de Letras (ABL), a nova instituição concedeu a Marcinho VP a primeira cadeira que leva o nome do escritor "Graciliano Ramos".
VP está preso há 36 anos e cumpre pena em regime fechado na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande (MS) por associação criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e homicídio, dentre eles o do jornalista Tim Lopes. Durante o período atrás das grades, Marcinho escreveu três livros: "Execução banal comentada", "Marcinho: Verdades e Posições" e "Preso de Guerra".
Além de Marcinho VP, também integram a lista de "imortais" o poeta Fábio da Hora Serra, conhecido como Sagata, que também integrava o Comando Vermelho (CV) e foi membro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Autor do livro "O Bandido que Virou Artista", cumpriu 12 anos de prisão e atualmente levanta a bandeira de que "o crime não compensa".
André Borges ocupa a terceira cadeira. Ele foi preso em 1958 por assalto à mão armada e passou 21 anos atrás das grades. Nesse período, escreveu 21 livros e acabou solto em 1979, após ser considerado preso político.
Um dos defensores da ABLC, o jurista e ex-desembargador Siro Darlan, aposentado voluntariamente por supostamente ter favorecido um cliente do seu filho, falou sobre a importância da criação da entidade para a diversidade literária.
"Celebrando a Literatura Além das Grades. A ABLC é uma iniciativa pioneira que reconhece e valoriza obras de escritores e escritoras que produzem literatura mesmo estando privados de liberdade.
Seu propósito é oferecer uma plataforma para que esses autores expressem suas vozes, contribuindo para a diversidade da literatura nacional e promovendo sua reinserção social", defendeu Siro, em publicação no seu Instagram.
Ainda segundo ele, a iniciativa reconhece o poder transformador da literatura, ampliando as oportunidades para que os autores tenham suas vozes ouvidas e sejam reconhecidos.
"Ao celebrarmos essa data, reconhecemos não apenas a importância da literatura para as crianças, mas também o poder das histórias para educar, inspirar e transformar vidas", finalizou.