Lucas Dantas do Nascimento, de 28 anos, morreu após se afogar em piscina do festival TerratronicReprodução

Rio - O laudo de necropsia do ex-sargento do Exército Lucas Dantas do Nascimento, de 28 anos, indicou morte por afogamento. Segundo familiares, o homem se afogou após ficar cerca de 20 minutos submerso na piscina do festival de música Terratronic, ocorrido neste fim de semana em Guaratiba, Zona Oeste do Rio, antes de ser socorrido. A Polícia Civil intimou, nesta terça-feira (16), o responsável pelo evento para prestar depoimento.
Ao DIA, Daiana Pimentel, tia de Lucas, contou que o sobrinho foi para o festival com amigos e, já no local, se afastou do grupo. Posteriormente, eles descobriram que o ex-militar foi atendido pela equipe médica da festa após ter se afogado na piscina do espaço. Segundo Daiana, Lucas ficou 20 minutos debaixo d'água sem ser socorrido pelos guarda-vidas. 
"O laudo constatou afogamento. O que a gente ficou sabendo é que ele caiu na piscina e ficou submerso 20 minutos. O evento alega que tinha guarda-vidas, bombeiros e equipe médica, mas eu te falo: como em um festival que diz que tem salva-vidas, meu sobrinho fica submerso 20 minutos? Eles postaram uma nota 'esclarecedora' dizendo que meu sobrinho saiu do local ainda com vida. Como, se ele ficou submerso 20 minutos? Não tem como", comentou.
Para a tia, houve negligência por parte dos organizadores. Daiana informou que recebeu relatos de outras pessoas dizendo que também passaram mal no festival. Segundo ela, a família soube da morte do rapaz apenas após uma postagem no Instagram e o festival não prestou nenhum auxílio até o momento.
"É muita negligência. O evento não deu suporte nenhum para a gente. Nós descobrimos sobre a morte do meu sobrinho por postagens no Instagram. O evento não teve a coragem de fazer uma ligação, avisar o que ocorreu, que estavam levando o Lucas para o hospital. Para mim, isso foi uma negligência total. Na hora do acontecido, onde estavam os guarda-vidas? Como é que ele ficou submerso por 20 minutos? Eu escutei relatos de algumas pessoas porque corri atrás por conta própria, e tinham muitas pessoas passando mal. Inclusive, pessoas convulsionando e desmaiando. Os próprios frequentadores tinham que fazer esses atendimentos", alegou.
Lucas trabalhava como motorista de aplicativo. De acordo com Daiana, toda a família está dilacerada com a perda e parentes, assim como ela, estão à base de remédios para controlar os sentimentos em relação à tragédia.
"O Lucas foi meu primeiro sobrinho, primeiro neto da minha mãe. Ele era um menino incrível, de ouro. Um menino que onde chegava todo mundo gostava, comunicativo, divertido e brincalhão. Ele foi sargento do Exército. Em março, ele saiu e começou a trabalhar como motorista de aplicativo. O Lucas tinha muitos amigos, era muito conhecido e amado por todos. Como tia, ele foi um sobrinho maravilhoso, com um coração do tamanho do mundo. Eu estou à base de medicação, mas a irmã dele está muito mal. Minha mãe está à base de remédios. Está todo mundo sem chão. A família está dilacerada", completou.
O caso é investigado pela 43ª DP (Guaratiba). Segundo a delegada Márcia Helena Julião, o responsável pelo evento foi intimado, nesta terça, para prestar depoimento sobre o caso. A oitiva está marcada para a manhã desta quarta-feira (17). Outras pessoas que estavam no evento também serão buscadas para prestar esclarecimentos.
O sepultamento de Lucas está marcado para às 15h desta quarta no Cemitério Nossa Senhora do Belém, conhecido como Cemitério do Corte 8, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. 
O que diz a organização?
A festa Terratronic começou às 21h de sábado (13) e terminou na manhã de domingo (14), quando Lucas precisou ser socorrido e levado para a unidade de saúde do evento. Em uma postagem nas redes sociais, a organização disse que a vítima deu entrada no posto médico "debilitado, mas apresentando sinais vitais." O festival alegou que o homem foi prontamente socorrido e removido pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel ao Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste, onde veio à óbito.
Em outra postagem sobre o assunto, a organização disse que o evento aconteceu com toda documentação necessária e exigida pelos órgãos públicos, "atendendo todo o quantitativo de prestadores de serviços exigidos pela legislação". O festival ainda ressaltou que, durante todo o período, contou com guarda-vidas, brigadistas, posto médico, ambulância, médico, enfermeiro e seguranças.
"Afirmamos que prestamos apoio e solidariedade à família do jovem Lucas Dantas do Nascimento e nos colocamos à disposição não apenas da família como das autoridades responsáveis pela investigação. Estamos acompanhando o caso com bastante atenção e cientes de que ainda não temos o laudo do Instituto Médico Legal (IML), logo, é leviano realizar qualquer tipo de especulação sem que antes saia um laudo apresentando a causa mortis", disse, em nota.