Lohana Miranda e Darielson Azevedo Nunes entraram por engano na Cidade AltaReprodução

Rio - A Polícia Civil investiga o desaparecimento do casal Lohana Miranda e Darielson Azevedo Nunes, que teriam entrado por engano na Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, no último sábado (13). Os dois são moradores de Duque de Caxias, na Baixada.
Segundo relatos nas redes sociais, eles estariam a caminho do baile da Nova Holanda, no Complexo da Maré. Uma das versões, é de que o casal, que estava em uma motocicleta, teria tentado fugir de uma blitz, quando entraram na comunidade. As circunstâncias, no entanto, ainda estão sendo investigadas.
Após três dias do desaparecimento, alguns amigos e familiares acreditam que eles possam ter sido pegos por traficantes do Complexo de Israel, devido à guerra de facção.
Ainda nas redes sociais, um primo do jovem chegou a fazer uma publicação como se Darielson já estivesse morto. "Acabaram com uma família, uma não, 2,3,4 diversas, a covardia que fizeram e estão fazendo com inocentes por guerra de facção estão destruindo famílias, tiraram a vida de um mano novo, cheio de sonhos. Ele era trabalhador, pai de família, e foi morto por apenas entrar em uma comunidade rival", disse.
Segundo investigações, o Complexo de Israel, formado pelas comunidades Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, é dominado pelo Terceiro Comando Puro (TCP) e tem como principal liderança o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão,
Até o momento, nenhum corpo foi encontrado na região. O caso foi registrado na 59ª DP (Duque de Caxias) e encaminhado para o setor de Descoberta de Paradeiros da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Outro caso
A Polícia Civil busca por um motorista de aplicativo que desapareceu também no Complexo de Israel no último sábado (13). Leonardo Correia dos Santos levava um passageiro em sua motocicleta até a Rua Ourique, um dos acessos à comunidade Cinco Bocas, no último sábado (13), mas não retornou.
Segundo a namorada do desaparecido, eles não tinham nenhum envolvimento com o tráfico e Leonardo trabalhava para pagar a moto e o aluguel da casa onde moram.
Complexo de Israel
A região leva esse nome por causa do domínio do traficante Peixão, adepto de símbolos do Estado de Israel, como a Estrela de Davi. Ele é conhecido pela intolerância contra praticantes de religiões de matriz africana.
Segundo investigações, o traficante expulsa moradores de suas áreas de influência simplesmente por exercer a religião de matriz africana, determinando a invasão e depredação de centros religiosos dedicados à citada devoção. O criminoso é considerado foragido da Justiça e tem dez mandados de prisão pendentes, a maioria por tráfico de drogas, homicídio e ocultação de cadáver.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, a religiosidade de Peixão é tamanha que ele se autointitula como Arão, o profeta de Deus, irmão de Moisés. O nome foi assumido também pela sua quadrilha que se autodenomina 'Tropa do Arão'. O próprio nome, Complexo de Israel, seria uma referência à terra prometida, de acordo com as investigações.
Outro exemplo da religiosidade do traficante está nos símbolos usados para marcar seus territórios: a bandeira de Israel e a Estrela de Davi. Esses símbolos geralmente estão colocados em pontos altos das comunidades. Um exemplo está na Cidade Alta, onde foi instalada uma Estrela de Davi que pode ser vista há mais de 2,5km de distância.