Por nicolas.satriano
Claudinho e Fú da Mineira (na foto abaixo) estão escondidos no ChapadãoDivulgação

Rio - Principais lideranças do Comando Vermelho (CV) à solta no Complexo do Chapadão e supostos mentores de ataques armados — como o que vitimou o sargento Fábio Sant’Anna de Albuquerque, na última segunda-feira — Ricardo Chaves de Castro Lima e Claudio José de Souza Fontarigo, respectivamente o Fú e Claudinho da Mineira, já foram presos e condenados a penas que chegam a 89 anos de detenção. Após receberem da Justiça o benefício de visitar familiares, ambos saíram e nunca mais voltaram ao sistema carcerário.

Hoje, combatê-los em localidades de difícil acesso é o principal desafio da polícia carioca, o que, por vezes, custa a vida de inocentes e agentes.

À tarde, pelas ruas de bairros próximos ao novo quartel-general do CV, como Pavuna e Irajá, não se via o efetivo reforçado, anunciado depois da tarde de segunda.

De acordo com policiais, durante a passagem de viaturas pela região, pôde-se ouvir gritos de “esse aqui é o novo Complexo do Alemão”, dada a importância estratégica do Chapadão para a facção criminosa. O medo deixou 1.087 alunos sem aulas, de acordo com a Secretaria Municipal de Educação.

A crise financeira do estado e a decorrente escassez no efetivo de policiais à disposição também foi duramente criticada. “Qualquer operação ao Chapadão requer apoio de outras delegacias. Esperamos reforço”, reconheceu o delegado da 39ª DP (Pavuna) Rui Barbosa, que conta atualmente com 52 policiais.

Ele e o comandante do 41º BPM são unânimes em reconhecer que, enquanto as anunciadas Unidades de Polícia Pacificadora do Chapadão e Pedreira não forem instaladas, as chances de redução dos índices de criminalidade são baixas. A ocupação é prevista para 2016.

No 41º BPM (Irajá), onde o sargento Fábio Sant’Anna de Albuquerque era lotado, o clima é de luto.

O comandante Marco Antônio Neto se referiu ao morto como “exemplar”, durante as honras militares que deram o tom ao adeus, no Cemitério Jardim da Saudade de Sulacap.“Muitas vezes prendemos, mas a Justiça solta”, costuma repetir o secretário José Mariano Beltrame.

Fuga da dupla foi em 2013

Claudinho e Fú da Mineira receberam benefício do regime semiaberto em 2011, quando estavam no sistema penitenciário federal. O Ministério Público e a Secretaria de Segurança do Rio conseguiram evitar que eles saíssem da cadeia e que, sobretudo, fossem trazidos de volta ao estado até agosto de 2013.

Porém, naquele mês, o juiz da vara de Execuções Penais de Rondônia, Acir Teixeira Grécia, autorizou os dois a visitarem familiares e eles fugiram. Três dias antes de serem dados como foragidos, no dia 20 de agosto, foram filmados pelo circuito de câmeras de um shopping em Porto Velho, capital do estado, e a Polícia Federal deu alerta para a possibilidade de fuga.

Eles estariam por trás de ataques contra PMsDivulgação

Depois de voltarem ao Rio, Claudinho e Fú já se envolveram em crimes na área do Lins de Vasconcelos e agora na região do Chapadão, onde dão as cartas, segundo a polícia.

Claudinho é especialista em sequestro

Na década de 90, Claudinho da Mineira era um dos maiores sequestradores do país. Entre suas ações está o sequestro do empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, em 1995. O bandido é acusado ainda de participação na rebelião em Bangu 1, em 2002, quando foram mortos quatro detentos.

Seguindo a lógica da antiga atividade, segundo investigações da Polícia Civil, entre 26 de fevereiro de 4 de março, três pessoas foram sequestradas e levadas para a região do conjunto de favelas do Chapadão.

A primeira vítima foi uma médica, atacada no Shopping da Gávea. Uma semana depois, um advogado foi feito refém na Barra da Tijuca e um empresário caiu nas mãos dos bandidos em Vila Valqueire. As vítimas foram soltas depois de serem extorquidas.

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