Por tabata.uchoa
Manifestação em BerlimJuliana Almeida / Divulgação

Irlanda - Os protestos contra o aumento das passagens de ônibus saíram do Facebook, tomaram as ruas de várias cidades do Brasil e chegaram a outros países. Pela internet, o grupo Democracia Não Tem Fronteiras mobilizou brasileiros em 50 cidades do mundo, entre elas Nova York (EUA), Dublin (Irlanda), Montreal (Canadá) e Berlim (Alemanha), onde ontem aconteceram protestos também contra a violência da repressão ao movimento no país.

Em Dublin (Irlanda), brasileiros fizeram passeata pela O’Connell Street, passando pela via Grafton e chegando ao parque público Stephen’s Green. Os cartazes traziam dizeres como “protesto não é crime”.

O site Dublin Para Brasileiros, dedicado a intercambistas no país, publicou que “a manifestação foi um ato pacífico e contou com o apoio da polícia local, além da colaboração e divulgação das mídias”. Em Nova York, cerca de 100 pessoas protestaram no Central Park.

Em Montreal, os brasileiros cantaram o Hino Nacional em frente ao consulado e levaram faixas com dizeres como “desculpe o transtorno, estamos construindo um novo Brasil”. Apesar da chuva e de uma das linhas de metrô ter parado, 150 pessoas foram à passeata. Já em Berlim houve pedidos de recursos para saúde e educação.

A mobilização chegou também a outras cidades —incluindo Paris (França), Londres (Inglaterra), Lisboa (Portugal), Turim (Itália) e Tóquio (Japão). Até na Turquia houve a solidariedade de brasileiros. Hoje acontecerá reunião em Bruxelas sobre uma possível manifestação.
Boa parte das cidades listadas na página que o Democracia mantém no Facebook agendou protestos para amanhã. Em Paris, a polícia permitiu que eles acontecessem apenas no sábado.

Manifestação em Dublin em apoio aos protestos no Rio e em SPAgência O Dia


Bolsista do governo criou o evento

Um dos principais mobilizadores do Democracia Não Tem Fronteiras é um rapaz de 22 anos, carioca, estudante de design da UFRJ que está em Turim (Itália) através do Ciência Sem Fronteiras, programa de bolsas do governo federal. Pedro Aurélio Rocha afirma que o aumento da passagem é só parte do protesto.

“O serviço de transportes é precário. E ainda tem as ações violentíssimas da polícia. Queremos garantir a liberdade de lutar pelo que acreditamos”, disse, em conversa com O DIA pelo chat do Facebook.

Pedro conta que falava pela rede social com uma amiga em Paris, que também queria protestar, quando surgiu a ideia de fazer o mesmo em Turim. “Outras cidades foram sugeridas e criei um evento principal”, afirma. “As pessoas entendem agora que devem ir à rua defender seus direitos. Isso não quer dizer que são contra um governo específico, nem que querem derrubá-lo. São pessoas que exercem a cidadania”.

SP recua e tira tropa de choque da rua

O secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, anunciou ontem que a tropa de choque não vai acompanhar a manifestação do Movimento Passe Livre, marcada para hoje, às 17h, na capital. Grella fez um convite ao líderes do MPL — aceito — para reunião antes do protesto.

“Não queremos mais ver o que aconteceu na semana passada”, disse o secretário, em entrevista coletiva na sede da secretaria. “Queremos que as pessoas se manifestem, mas também que a população consiga chegar em casa.”

Por conta do convite, o MPL antecipou sua coletiva hoje, que seria no mesmo horário do encontro com o secretário. “Acreditamos em uma manifestação pacífica e organizada”, concluiu Grella.

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