Por daniela.lima
Com feriado após 12h%2C Rio teve os engarrafamentos antecipados%2C melhorando o acesso aos jogos Banco de imagens

Rio - Rio de Janeiro já pode se considerar aprovado no quesito mobilidade urbana para a Copa do Mundo, tema que gerava tantas preocupações antes da bola rolar. Esta é a opinião de especialistas da área, que lembram, no entanto, que os problemas nos transportes da cidade, fora da competição, continuam a atormentar o dia a dia dos cariocas.

“Pode até ser que o Rio não tenha tirado nota 10, porque houve engarrafamentos também durante a Copa, mas foi aprovado com louvor. O acesso aos jogos do Maracanã por metrô e trens foi perfeito. Os problemas como engarrafamentos, transportes superlotados e sem confiabilidade de horários, são independentes do Mundial e continuam”, avalia Alexandre Rojas, especialista em mobilidade urbana da Uerj.

Opinião semelhante tem a professora de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da UFRJ Eva Vider. “A cidade não resolveu seus problemas de mobilidade urbana nos dias normais, mas passou bem no teste da Copa. O metrô, que foi o principal meio de transporte para o Maracanã, funcionou muito bem, apesar de a velocidade operacional ter sido baixa. Demorei quase uma hora do estádio à Praça General Osório dentro de um vagão na Linha 1”, contou Eva, explicando que isso deve ter ocorrido porque a operação estava sobrecarregada, com todos os trens em funcionamento.

Dos sete jogos no Maracanã, incluindo a final de hoje, apenas três (18/06, 25/06 e 4/07) foram em dias de semana. Nos dois primeiros, a prefeitura decretou feriado a partir das 12h, o que antecipou o horário de rush, facilitando o acesso aos jogos, mas não acabou com os engarrafamentos já normais na saída do trabalho dos cariocas.

O professor de Engenharia dos Transportes da Coppe (UFRJ) Paulo Cezar Ribeiro avalia que os feriados funcionaram muito bem para o trânsito da cidade. “Além dos feriados, tivemos as férias escolares, que já reduzem o fluxo em cerca de 15% em algumas áreas. Mas os congestionamentos nos dias em que não houve feriado, sem os jogos no Maracanã, continuaram os mesmos de sempre.”

Apesar de ter sido aprovado na Copa, os especialistas prevêem um desafio de mobilidade bem maior para o Rio nas Olimpíadas de 2016. “Nesse período, a prefeitura não vai poder decretar feriado em todas as competições”, completou Ribeiro.

Eva Vider ressalta ainda que a Copa teve poucos pontos de atração de público. Foi tudo concentrado basicamente em Copacabana, onde foi instalado o Fifa Fan Fest, e no Maracanã. “Nas Olimpíadas, há muitos pólos que vão fazer moradores e turistas circularem por toda a cidade. Em termos de planejamento, é muito mais complexo. O sistema de informações, por exemplo, têm de melhorar muito para permitir a locomoção dos visitantes a todos os locais de competição.”

Procurada pelo DIA, a Secretaria Municipal de Transportes respondeu que só comentaria o desempenho da mobilidade durante a Copa após o fim da competição.


Apesar dos atrasos, obras ficarão como legado

O especialista em Mobilidade Urbana do MDT Nazareno Stanislau Affonso lembrou que mais importante do que a eficácia das obras para o Mundial é o retorno que a longo prazo que os empreendimentos de mobilidade terão para as cidades. “Tenho uma opinião formada desde o anúncio dos investimentos na mobilidade urbana para a Copa. Pressionamos o governo para que priorizasse um legado para o país, não somente para o Mundial. E o Governo acompanhou. A Mobilidade entrou na agenda, depois de anos esquecida. Este é um dos principais pontos positivos. Temos atrasos nas obras, mas nenhum recurso será perdido. A Copa também estimulou conceitos, dentre eles o estímulo para deslocamentos a pé, o que também é bem visto por mim”, ressaltou Affonso.

Sem nenhuma obra de mobilidade urbana entre as prometidas para o Mundial entregue, a capital amazonense talvez tenha tido um dos principais casos de caos no trânsito nos dias de jogos. 

A cidade parou por conta do fechamento da rua do estádio, feita seis horas antes da partida Inglaterra x Itália, no dia 14 de junho.

Porto Alegre, que também teve obras de infraestrutura viária canceladas e pendentes, apresentou contratempos como condições caóticas nas duas horas anteriores e posteriores aos jogos.

Colaborou Amanda Raiter para o Brasil Econômico


Você pode gostar