Por bferreira
Inglaterra - Ler pode ser um importante aliado em tratamentos psiquiátricos. É o que apostam especialistas adeptos da Biblioterapia. No Reino Unido, o método ganhou apoio do governo por meio de parceria entre médicos e bibliotecas públicas, que transformaram-se em verdadeiras farmácias culturais: os livros são ‘prescritos’ em receitas e emprestados ao paciente.
Diversos transtornos, como fobias, ansiedade, bulimia e depressão podem ser amenizados com indicação de publicações. A técnica ainda é pouco difundida no Brasil, mas já conta com adeptos.
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De acordo com Rodrigo Leite, coordenador do Ambulatório Geral do Instituto de Psiquiatria da USP, a Biblioterapia funciona pela identificação do paciente com as obras.
“Ele se vê no personagem ou em seu relato, que é próximo do que ele está sentindo. Traz um caráter de universalidade para a pessoa que pensa estar sozinha”, explica.
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Para o método fazer efeito, é necessário indicação específica e o acompanhamento psiquiátrico.
Segundo Rodrigo, o especialista precisa recomendar os livros da forma mais cuidadosa possível. A terapia literária, contudo, não é recomendada para todos os tipos de paciente e é necessário que ele já tenha o hábito da leitura. “Eles vão ter uma capacidade de abstração maior do que os que não leem. Outras pessoas talvez não assimilem o conteúdo”, disse o psiquiatra.
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Na Inglaterra, a terapia literária é capitaneada pela organização Reading Agency e foi implementada no início deste ano. “Nesses primeiros meses de funcionamento, vemos que o retorno do público vem sendo bem positivo”, comemorou Debbie Hicks, fundadora e diretora de pesquisa da entidade.
Romances e biografias: mais usados
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Os livros selecionados no tratamento psiquiátrico seguem critérios específicos, sendo relacionados conforme evidências encontradas em artigos científicos. Costumam ser romances ou biografias que recebem o aval de especialistas. Rodrigo lembra que a técnica se destaca em tratamentos de depressão e ansiedade.
“É comum confundir Biblioterapia com ler livros de autoajuda. Alguns títulos de autoajuda são úteis e podem ser aplicados junto com o tratamento, mas o livro em si não é o suficiente”, alertou Rodrigo.
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